Minha primeira prova de trailrunning

Escolhi debutar no trailrunning participando dos 50km do XC Itaipava categoria solo. Estudei muito sobre como é a elaboração de um programa de treinamento voltado para ultra distâncias e corridas de montanha, e, junto com a minha nutricionista, definimos um plano alimentar e a estratégia de hidratação e suplementação para o período preparatório e para…

Escolhi debutar no trailrunning participando dos 50km do XC Itaipava categoria solo.

Estudei muito sobre como é a elaboração de um programa de treinamento voltado para ultra distâncias e corridas de montanha, e, junto com a minha nutricionista, definimos um plano alimentar e a estratégia de hidratação e suplementação para o período preparatório e para a prova.

Testei várias opções durante as sessões de treino mais longos, onde procurava simular as características da corrida.

A prova aconteceu no dia 1º de julho, sábado, em Itaipava. Na véspera haveria entrega dos kits e congresso técnico.

Contei com o suporte logístico da família e de uma querida amiga, Sônia, que me hospedou em sua casa.

Sai do Rio de Janeiro em direção a Itaipava na sexta a tarde.

Ansioso, apanhei meu kit assim que cheguei. Retornei para o congresso à noite.

Dia da prova, acordei cedo, me arrumei, tomei o café de costume e cheguei uma hora e meia antes do início.

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Percurso da prova. Fonte: XC Run

Frio, cerca de 8 graus centígrados. Conforme os participantes iam chegando, pude reconhecer Chico Santos, Iazaldir Feitosa, Camila Feijó… Atletas de primeira linha.

Encontrei a Ana Paula Silveiras – que venceu no feminino categoria solo, e o Toninho Simeão – ultratrail runner experiente que me deu algumas dicas sobre o percurso minutos antes do início da prova.

 

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Bate-papo antes da prova. Fonte: arquivo pessoal

6:55 – Hino nacional foi tocado. 7:00 – a buzina soou e cruzei o pórtico de largada rumo a um mundo completamente novo.

Subidas e descidas em morros e pastos, atingindo uma altitude de até 1.250m com desnível de 1.250m e 700 metros de corrida dentro do rio.

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Competição cooperativa. Fonte: XC Run

Tudo ia bem até o km 26 onde tomei a minha primeira decisão equivocada em função da interferência emocional no processo:

Por estar muito bem e vislumbrar a possibilidade de pódio na minha faixa etária, antecipei uma eventual perda de rendimento e utilizei uma suplementação baseada em uma mistura de gel de carboidrato com cafeína.

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Um passo de cada vez. Fonte: XC Run

Após 2 km comecei a sentir os efeitos da cafeína que acelerou meu metabolismo, depletando minhas reservas energéticas mais a frente.

Havia planejado parar na Transição 2 (28km de prova percorrida) para descartar lixo, comer algo, reabastecer, tirar a areia do tênis e seguir em frente.

Quando cheguei, tomei a minha segunda decisão equivocada, mais uma vez distorcida pelo meu envolvimento emocional:

Segui em frente.

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Desgaste iminente. Fonte: Foco Radical

 

Comecei a perder rendimento junto com um mal estar gástrico que me levou a minha primeira parada no percurso. Onde eu estava, não havia qualquer meio para entrar em contato com a organização e teria que aguardar muitas horas até a chegada do resgate.

Vomitei. Descansei um pouco, continuei em frente e acabei por avistar um staff da organização, parei pela segunda vez. Nesse ponto também não havia chance de resgate imediato e único modo seria seguir em frente até o ponto de resgate e auxílio.

Vomitei uma vez mais. Tentei me refazer e ainda dominado pelas emoções, não lembrei que tinha a solução comigo, na minha própria mochila, só pensava em tentar sair dali.

Avistei o resgate questionando se eles poderiam ajudar me fornecendo um remédio para resolver meu enjôo, mas não tinham, eu teria que correr cerca de 6 a 8 km para chegar na Transição 3 onde encontraria uma ambulância e o staff médico.

Mais adiante no posto de reabastecimento de água, parei pela terceira vez, passando mal uma vez mais… Pela primeira vez, consegui tomar uma decisão coerente, encerrando a minha participação na prova.

Fui transportado até o T3 onde recebi a medicação, hidratação endovenosa e descansei.

Me retirei da prova triste, não porque havia desistido mas sim por conta da sequência de decisões equivocadas que foram tomadas em função da miopia decorrente do forte envolvimento emocional.

Aprendi que, por mais que tenhamos emocionalmente envolvidos com o projeto, devemos revisar nosso plano e procurar enxergar o todo, a distância, sopesar os prós e contras, rever as soluções para o problema previsto e agir.

Portanto, a paixão deve estar na dedicação, na vontade de transformar uma ideia em realidade e só.

Para todo o resto a ausência da emoção e a presença efetiva do raciocínio lógico e racional deve prevalecer, para só então, com o objetivo alcançado, permitir-se emocionar.

Bons treinos e divirta-se, mas sempre com a orientação de um professor de educação física especializado.

Até!

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